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o conhecimento de si e o conhecimento de Deus: um caminho de interdependência

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há uma dependência mútua entre o nosso conhecimento de nós mesmos e o conhecimento que temos sobre Deus. essa é uma verdade que muitos ignoram, mas a real é que você não se conhece, se não conhecer a Deus.

bem, há tempos escrevi um texto no blog que falava sobre a incompreensibilidade Deus, ou seja, não há conhecimento de Deus sem revelação. hoje vou escrever um texto que, de certa forma, complementa este, mas desta vez falando sobre o conhecimento de Deus e o conhecimento de si.

 você se conhece? 

essa é uma pergunta que a maioria das pessoas respondem positivamente, algumas – mais sinceras – diriam que não ou que não sabem ao certo. agora, se perguntarmos “você conhece a Deus?”, as respostas mudam drasticamente. muitos diriam que sim, mas ao mesmo tempo, a sinceridade dessa resposta costuma ser menor. 

a grande verdade, no entanto, é que o conhecimento de si mesmo e o conhecimento de Deus estão profundamente interligados. não é possível compreender plenamente a própria existência sem compreender, ao mesmo tempo, a relação com o Criador. há uma dependência mútua entre esses dois tipos de conhecimento: à medida que tomamos consciência de nossa condição de criaturas, nossa mente e coração são naturalmente direcionados a Deus.

quando nos olhamos como seres finitos, com início e fim, percebemos que não somos deuses. nossa vida teve um ponto de partida na Terra, e terá um ponto final. a consciência de sermos criaturas nos impele a refletir sobre aquele que nos criou. 

sem essa perspectiva, nossos esforços, sentimentos e paixões — amor, ódio, temor, ambição, inveja — podem se tornar vazios, sem sentido. como observou Jean-Paul Sartre, quando ignoramos nossa relação com Deus, a vida humana pode se tornar “uma paixão inútil”, intensa, mas sem propósito real.

antropologia como subdivisão da teologia

a crise da humanidade moderna reside na separação entre o estudo do ser humano e o estudo de Deus. quando a história humana é contada isoladamente, divorciada da história de Deus, torna-se uma narrativa sem significado. a antropologia, ou estudo da humanidade, na verdade, encontra seu verdadeiro sentido como uma subdivisão da teologia.

somente compreendendo o homem em relação a Deus podemos captar sua verdadeira natureza. sem essa referência, nos tornamos seres sem propósito, meros acidentes cósmicos entre um começo sem significado e um fim igualmente insignificante. nossas paixões e esforços perdem o valor intrínseco, tornando-se exercícios de vaidade e futilidade.

a dignidade humana só pode ser entendida a partir de nossa relação com Deus. se considerarmos o ser humano isoladamente, ele permanece insignificante. Mas se reconhecemos que fomos criados por Deus e para Deus, nosso valor é assegurado. A Bíblia reflete essa verdade no Salmo 8:3-5:

Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Todavia, fizeste-o um pouco menor do que Deus e de glória e honra o coroaste.

ser criatura de Deus significa estar intimamente relacionado a Ele. esse relacionamento nos garante dignidade e propósito. somos dotados de uma “coroa de glória”, símbolo da honra que recebemos por sermos feitos à imagem de Deus. sem esse reconhecimento, nossa existência é desprovida de sentido, e nossa vida se torna apenas uma sucessão de experiências passageiras.

o autoconhecimento e o conhecimento de Deus não são caminhos separados; são complementares. conhecer a si mesmo é reconhecer nossa condição de criatura, com limitações e dependência do Criador. conhecer a Deus é compreender o propósito e o significado da vida. a verdadeira compreensão de quem somos só é alcançada quando entendemos nossa existência em relação a Deus.

portanto, o estudo da humanidade não é completo sem a teologia. e o verdadeiro significado de nossa vida só se revela quando reconhecemos que fomos criados por Deus, para Deus e em comunhão com Ele. logo, quando pensamos sobre nossa dignidade, valor e propósito, chegamos a conclusão de que eles são teológicos — e não meramente sentimentais ou sociais.

este texto foi inspirado nos escritos de R.C. Sproul – teólogo calvinista – no tema. se lhe interessar, lhe aconselha buscar mais profundamente o que ele tem a dizer.

Deus abençoe.

até mais.